“Meninos sem Pátria”

ditadura, Literatura e os trabalhos da memória entre ficção e realidade (1981/2018)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v15i39.1874

Palavras-chave:

História, Memória Coletiva, Lugares de Memória

Resumo

Sob a perspectiva preponderante do conceito de “trabalhos da memória”, de Elizabeth Jelin, em diálogo com “lugares de memória”, de Pierre Nora, e levantando questões sobre a pertinência ou não da categoria “memória coletiva”, de Maurice Halbwachs, este artigo problematiza os desafios de analisarmos e compreendermos um episódio recente que envolveu o livro infantojuvenil Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, obra acusada, em 2018, por pais de alunos de um tradicional colégio do Rio de Janeiro, de fazer apologia ao comunismo e de tentar doutrinar as crianças. Nesse sentido, temos como principal objetivo analisar criticamente o conteúdo da obra - como fonte e objeto -, tanto no campo da literatura de ficção, de testemunho e sua relação com as memórias e a história. Como resultado, constata-se na referida narrativa a presença recorrente de “veículos de memória” e, questiona-se, se os protestos ideológicos contra o livro estavam ancorados em alguma análise crítica.

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Publicado

2022-08-27

Como Citar

DA SILVA ALMEIDA, A. “Meninos sem Pátria”: ditadura, Literatura e os trabalhos da memória entre ficção e realidade (1981/2018). História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 15, n. 39, p. 102–132, 2022. DOI: 10.15848/hh.v15i39.1874. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1874. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Rememoración: entre agencia y actualización del pasado