Raça, corporeidade e subjetividade em Beatriz Nascimento e Eduardo de Oliveira e Oliveira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.1992

Palavras-chave:

Epistemologia, História, Ciências Sociais

Resumo

O artigo analisa as proposições epistemológicas sobre raça, corporeidade e subjetividade nos trabalhos teóricos da historiadora Beatriz Nascimento e do sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira em seus campos disciplinares, entre os anos 1970 e 1990. O trabalho objetiva, dessa forma, a abertura de caminhos empíricos na genealogia do pensamento social e da história da historiografia à dimensão racial na produção do conhecimento em História e Ciências Sociais no Brasil. Em face da historicidade do debate acerca de marcadores sociais de identidade e lugares de fala, o texto considera que os dois autores estabeleceram os fundamentos de um projeto teórico para o estudo da experiência negra brasileira perpassado por problematizações acerca das injunções políticas entre a produção dos discursos sociológico e historiográfico e a identidade racial da figura social do pesquisador. Conclui-se que este projeto instaurou a emancipação epistemológica como princípio político para a elaboração de concepções alternativas de objetividade científica a partir de atravessamentos étnico-raciais.

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Publicado

2023-06-28

Como Citar

PETRY TRAPP, R. Raça, corporeidade e subjetividade em Beatriz Nascimento e Eduardo de Oliveira e Oliveira. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–22, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1992. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1992. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, tempos, lugares da historiografia