“Gênero epistêmico”, de Gianna Pomata

o que é e como usar, com um estudo de caso sobre os manifestos teóricos de historiadores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.1972

Palavras-chave:

Gênero, História Cultural, História das Ciências

Resumo

A primeira parte do artigo faz uma introdução conceitual e historiográfica à noção de “gênero epistêmico” na obra
de Gianna Pomata. Essa noção ganhou considerável atenção e interesse nos últimos anos, não apenas em relação
à história da ciência e da medicina, mas também entre os historiadores no campo da teoria da história e história
da historiografia. Em linhas gerais, podemos dizer que a noção de gênero epistêmico é uma ferramenta para a
história cultural do conhecimento. Para Pomata, o desaparecimento, a emergência e a transformação de um gênero
epistêmico revelam profundas mudanças nos modos coletivos de pensamento. Atenção específica no artigo é dada ao manifesto, agora um gênero socialmente reconhecido nos debates contemporâneos em teoria da história, e ao que ele revela sobre a economia moral dos historiadores. Defendo que a transformação do manifesto – cuja história podemos retraçar às lutas revolucionárias modernas e às vanguardas artísticas contemporâneas – em um gênero epistêmico pode ser lida como um sinal da introdução da sua dinâmica político-temporal na produção do conhecimento histórico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABDALA JUNIOR., Roberto et al. Manifesto de historiadores em apoio à Chapa 2 Renova ANDES. Fórum Renova Andes, 25 out. 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/mrt9vfmx. Acesso em: 26 out. 2020.

ALMEIDA, Tiago Santos. Canguilhem e a gênese do possível. Estudo sobre a historicização das ciências. São Paulo: Liber Ars, 2018. Coleção Epistemologia Histórica.

ARMITAGE, David. Declaração de Independência: uma história global. Tradução de Angela Pessoa. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

BARRETO, Tobias. Ensaios e Estudos de Philosophia e Critica. Pernambuco: Ed. José Nogueira de Souza, 1889.

BIDAUD, Alain. Éditorial. Espace-Temps, Cachan, n. 4, p. 1-2, 1976. Disponível em: https://tinyurl.com/5t3y98zr. Acesso em: 18 abr. 2017.

BÔAS, Luciana Villas. O relato de viagem e a transmissão do conhecimento empírico no Século XVII. Floema, Vitória da Conquista, n. 6, p. 131-152, jan./jun. 2010. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/floema/article/view/1768. Acesso em: 12 abr. 2017.

CANGUILHEM, Georges. Idéologie et rationalité dans l’histoire des sciences de la vie. 2ª ed. rev. e cor. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 2000. – (Problemes & Controverses).

CEZAR, Temístocles. Varnhagen e os relatos de viagem do século XVI: ensaio de recepção historiográfica. Anos 90, Porto Alegre, n. 11, p. 38-53, julho de 1999. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/6541. Acesso em: 12 abr. 2017.

COLETIVO EDITORIAL DE ARRABALDES. Manifesto Arrabaldes. Revista Arrabaldes. Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, mai.-ago. 1988.

DASTON, Lorraine. A economia moral da ciência. In: DASTON, Lorraine. Historicidade e objetividade. Organização de Tiago Santos Almeida. Tradução de Derley M. Alves e Francine Iegelski. São Paulo: Liber Ars, 2017. Coleção Epistemologia Histórica.

DASTON, Lorraine. The History of Science and the History of Knowledge. KNOW, Chicago, v. 1, n. 1, p. 131-154, 2017a. Disponível em: https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/691678. Acesso em: 4 mai. 2017.

DASTON, Lorraine; GALISON, Peter. Objectivity. Nova York: Zone Books, 2007.

DASTON, Lorraine; LUNBECK, Elizabeth. Histories of scientific observation. Chicago/Londres: The University of Chicago Press, 2011. p. 45-80.

DIVISION OF THE HISTORY OF SCIENCE AND TECHNOLOGY OF THE INTERNATIONAL UNION OF THE HISTORY AND

PHILOSOPHY OF SCIENCE AND TECHNOLOGY. Manifesto de Manchester sobre a História da Ciência e da Tecnologia. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 25, n. 1, p. 174–175, 2022. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/73564. Acesso em: 29 jul. 2022.

FEBVRE, Lucien. Face au vent: manifeste des Annales nouvelles. Annales. Economies, sociétés, civilisations, n. 1, pp. 1-8, 1946. Disponível em: www.persee.fr/doc/ahess_0395-2649_1946_num_1_1_3175

FLECK, Ludwik. Gênese e desenvolvimento de um fato científico: introdução à doutrina do estilo de pensamento e do coletivo de pensamento. Tradução de Georg Otte e Mariana Camilo de Oliveira. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010.

FREITAS, Itamar. Uma introdução ao método histórico (1870-1930). Aracaju: Criação Editora, 2021.

GUIMARÃES, Manoel Salgado. Ensaios de historiografia. Organização, tradução e notas de Temístocles Cezar. Vitória: Ed. Milfontes, 2022.

GUMPLOWICZ, Philippe; RAUWEL, Alain; SALVADORI, Philippe (orgs.). Faiseurs d’histoire. Manifeste pour une histoire

indisciplinée. Paris: PUF, 2016.

HAHN, Hans; NEURATH, Otto; CARNAP, Rudolph. Prefacio a La concepción científica del mundo: el Círculo de Viena. Revista Redes, Quilmes, v. 9, n. 18, p. 106, 2002. Disponível em: https://tinyurl.com/4dd6ed4v. Acesso em 10 jun. 2014.

HISTORIADORES PELA DEMOCRACIA. Manifesto Historiadores pela Democracia. In: MATTOS, Hebe, BESSONE, Tânia,

MAMIGONIAN, Beatriz G. (org.) Historiadores pela democracia: o golpe de 2016 e a força do passado. São Paulo: Alameda, 2016.

JABLONKA, Ivan. History is a contemporary literature: manifesto for the social sciences. Trad. Nathan J. Bracher. Londres: Cornell University Press, 2018.

JENKINS, Keith; MORGAN, Sue; MUNSLOW, Alun. Introduction: On fidelity and Diversity. In: JENKINS, Keith; MORGAN, Sue; MUNSLOW, Alun. Manifestos for History. Nova York: Routledge, 2007.

JORNAL O Estado de São Paulo. O lugar de Dilma na História. O Estado de São Paulo, São Paulo, Opinião, 2016. Disponível em: https://tinyurl.com/24378jn8. Acesso em 10 mai. 2017.

KOYRÉ, Alexandre. Études galiléennes. Paris: Hermann, 1966.

LORENZANO, Pablo. Presentación de La concepción científica del mundo: el Círculo de Viena. Revista Redes, Quilmes, v. 9, n. 18, p. 103-104, 2002.Disponível em: https://tinyurl.com/4dd6ed4v. Acesso em 10 jun. 2014.

LYON, Janet. Manifestoes: provocations of the Modern. Ithaca: Cornell University Press, 1999.

MACHADO, Hallhane. A liberdade do pensamento. Estudo sobre o fundo místico da história de Alexandre Koyré. 2021. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2021.

MAGNOLI, Demétrio. Formação de Quadrilha. Folha de São Paulo, 25 jun. 2016. Disponível em: https://tinyurl.com/35wfzt6k. Acesso em 10 mai. 2017.

MARGEL, Serge. Le temps du manifeste. Lignes, Paris, v. 1, n. 40, p. 5-7, 2013. Disponível em: https://www.cairn.info/revuelignes-2013-1-page-5.htm. Acesso em: 18 abr. 2017.

MOTOYAMA, Shozo. Os naturalistas nos tempos del rey. Pesquisa FAPESP, São Paulo, edição 61, p. 75, janeiro/fevereiro de 2001.

OHARA, João Rodolfo Munhoz. Virtudes epistêmicas na historiografia brasileira (1980-1990). 2017. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2017.

PELLETIER, Anne-Marie. Le paradoxe institutionnel du manifeste. Littérature, Paris, v. 1, n. 39, p. 17-22, 1980. Disponível em: https://tinyurl.com/y7h4pmb2. Acesso em: 19 abr. 2017.

POMATA, Gianna. History, Particular and Universal. On Reading Some Recent Women’s History Textbooks. Feminist Studies, Washington, v. 19, n. 1, p. 6-50, 1993. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/i359127. Acesso em: 23 mar. 2017.

POMATA, Gianna. Observation rising: birth of an epistemic genre, 1500-1600. In: DASTON, Lorraine; LUNBECK, Elizabeth. Histories of scientific observation. Chicago/Londres: The University of Chicago Press. p. 45-80, 2011.

POMATA, Gianna. Praxis Historialis: The Uses of Historia in Early Modern Medicine. In: POMATA, Gianna e SIRAISI, Nancy G. Historia: Empiricism and Erudition in Early Modern Europe. Cambridge: The MIT Press, p. 105-146, 2005.

POMATA, Gianna. Sharing Cases: The Observationes in Early Modern Medicine. Early Science and Medicine, Leiden, v. 10, p. 193-236, 2010. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/20750215. Acesso em: 23 mar. 2017,

POMATA, Gianna. The Medical Case Narrative in Pre-Modern Europe and China: Comparative History of an Epistemic Genre. In: GINZBURG, Carlo; BIASIORI, Lucio (orgs.). A Historical Approach to Casuistry: Norms and Exceptions in a Comparative Perspective. Londres: Bloomsbury Academic, 2019, p. 15-44.

POMATA, Gianna. The Medical Case Narrative: Distant Reading of an Epistemic Genre. Literature and Medicine, Boston, v. 32, n. 1, p. 1-23, 2014. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/548071. Acesso em: 23 mar. 2017.

POMATA, Gianna. Versions of Narrative: Overt and Covert Narrators in Nineteenth Century Historiography. History Workshop Journal, Oxford, v. 27, n. 1, p. 1–17, 1989. Disponível em: https://tinyurl.com/39w6x8mu. Acesso em: 23 mar. 2017.

WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelo Amazonas e rio Negro. Tradução de Orlando Torres. São Paulo; Rio de Janeiro; Recife; Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1939.

WHITE, Hayden. Afterword: Manifesto Time. In: JENKINS, Keith; MORGAN, Sue; MUNSLOW, Alun. Manifestos for History. Nova York: Routledge, 2007, pp. 220-231.

YAMPOLSKI, Eva. Manifeste mode d’emploi. L’action collective à l’époque des réseaux socionumériques. Lignes, Paris, v. 1, n. 40, p. 151-167, 2013. Disponível em: https://tinyurl.com/3eph3n6x. Acesso em: 18 abr. 2017.

Downloads

Publicado

2023-11-05

Como Citar

ALMEIDA, T. “Gênero epistêmico”, de Gianna Pomata: o que é e como usar, com um estudo de caso sobre os manifestos teóricos de historiadores. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–29, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1972. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1972. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Temporalização do tempo e regimes historiográficos