As injustiças de Clio revisitado: Clóvis Moura e a crítica da branquitude no campo historiográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v15i38.1841

Palavras-chave:

História da Historiografia, Pensamento Afrodiaspórico, Branquitude

Resumo

Pretendemos neste artigo esboçar as diversas interpelações de Clóvis Moura (1925-2003) a História disciplinar na obra As Injustiças de Clio: o negro na historiografia brasileira (1990). Para isto, abordaremos, em um primeiro momento, através da trajetória intelectual de Clóvis as críticas que este fez ao cânone do “pensamento social brasileiro” antes da publicação da referida obra. Em seguida, explicitaremos as principais linhas de força da obra em questão, para assim explicitar a tese de que esta é pioneira na análise marxista da branquitude e do racismo na história da historiografia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcello Assunção, UNILA

Professor visitante de Teoria e Filosofia da História do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (UNILA). Pós-Doutorado em Letras Clássicas e Vernáculas FAPESP-USP (2017-2020) Possuí graduação, mestrado e doutorado em história pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Editor executivo do periódico Revista de Teoria da História. 

Referências

ABREU, Capistrano de. Necrólogico de Francisco Adolfo de Varnhagem, Visconde de Porto Seguro [1878]. In: Ensaios e estudos: crítica e história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileirra; Brasília: INL, 1975. p. 81-91.

ABREU E LIMA, J. I. Bosquejo histórico, político e literário do Brasil. Cidade de Nictheroy: Tipografia de Rego e Comp., 1835.

ANDRADE, José Maria Vieira. Sem candura nas palavras: Clóvis Moura e os dilemas intelectuais do antirracismo no Brasil (1959-1995). 2019. (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História Social. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

ARAUJO, Valdei Lopes. História da historiografia como analítica da historicidade. História da Historiografia, Ouro Preto, v. 12, 2013. p. 34-44.

ARMITAGE, João. História do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2011.

AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda Negra Medo Branco. O negro no imaginário das elites do século XIX. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

BARBOSA, Ana Carolina. Precisamos falar sobre o lugar epistêmico na teoria da História. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, abr/jun. 2018. p. 88-114.

BOURDIEU, Pierre. El sentido práctico. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2007.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, [1940] 1987. p. 222-232.

CARDOSO, Lourenço. A branquitude acrítica revisitada e a branquidade. São Paulo: Revista da ABPN, v. 6, n. 13, 2014. p. 88-106.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984.

DUSSEL, Enrique. 1492: O Encobrimento do Outro (A Origem do “Mito da Modernidade”): Conferências de Frankfurt. Tradução de Jaime A. Clasen. Petropolis: Vozes, 1993.

FARIAS, Márcio. Clóvis Moura e o Brasil. São Paulo: Editora Dandara, 2019.

GOMES, Flávio S.; REIS, João José (Org.). Liberdade por um fio: História dos Quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo/ epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Brasileia: Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, jan./abr. 2016. p. 25-49.

MALATIAN, Teresa. Da antropologia cultural ao materialismo histórico: primeiros estudos de Clóvis Moura sobre o negro. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 22, n. 02, 2019. p. 123-136.

MALDONADO-TORRES, Nelson. A topologia do ser e a geopolítica do conhecimento: modernidade, império e colonialidade. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 337-382.

MARTIUS, Carl Friedrich Phillip von. “Como se deve escrever a história do Brasil”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 6, n. 24, jan. 1845. p. 389-411.

MOURA, Clóvis. No Cinquentenário de Os Sertões. São Paulo: Fundamentos, n. 28, 1952.

MOURA, Clóvis. Euclides da Cunha e a realidade nacional. São Paulo: Fundamentos, n. 38, 1954.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. São Paulo: Edições Zumbi, 1959.

MOURA, Clóvis. Introdução ao pensamento de Euclides da Cunha. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1964.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. Rio de Janeiro: Editora Conquista, 1972.

MOURA, Clóvis. O preconceito de cor na literatura de cordel: tentativas de análise sociológica. São Paulo: Editora Resenha Universitária, 1976.

MOURA, Clóvis. O negro: de bom escravo a mau cidadão? São Paulo: Conquista, 1977.

MOURA, Clóvis. Apêndice: Uma abordagem sociológica do conceito de História. In: MOURA, Clóvis. A sociologia posta em questão. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1978. p. 132-133.

MOURA, Clóvis. Organizações negras. In: SINGER, Paul; BRANT, Vinícius Caldeira. São Paulo: O povo em movimento. Petrópolis: Editora Brasileira de Ciências, 1980. p. 143-175.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. 3. ed. São Paulo: LECH, [1972] 1981a.

MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981b.

MOURA, Clóvis. “O diálogo da História e os historiadores do diálogo”. In: LAPA, J. Amaral. A história em Questão: Historiografia Brasileira Contemporânea. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1981c [1976]. p. 227-231.

MOURA, Clóvis. Brasil: raízes do protesto negro. São Paulo: Global, 1983.

MOURA, Clóvis. Quilombos: Resistência ao escravismo. São Paulo: Editora Ática, 1987.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. 4. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988a.

MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988b.

MOURA, Clóvis. História do Negro Brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1989.

MOURA, Clóvis. As injustiças de Clio: o negro na historiografia brasileira. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990a.

MOURA, Clóvis. Atritos entre a história, o conhecimento e o poder. Princípios, n. 19, nov. 1990b. p. 53-57.

MESQUITA, Érika. Clóvis Moura e a sociologia da práxis. Salvador: Estudos Afro-Asiáticos, v. 25, n. 3, 2003. p. 557-577.

NICODEMO, Thiago; SANTOS, Pedro; PEREIRA, Mateus. Uma introdução à História da Historiografia Brasileira (1870-1970). Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2018.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.

OLIVEIRA, Fábio Nogueira. Clóvis Moura e a sociologia da práxis negra. 2009. (Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais). Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense, Niterói.

OLIVEIRA, Denis. Uma análise marxista das relações raciais. In: MOURA, Clóvis. Dialética radical do Brasil Negro. São Paulo: Fundação Mauricio Grabois, 2014. p. 15-22.

REIS, João José. A Conspiração Haussá de 1807 na Bahia. In: ALMEIDA, Luiz Sávio de (org.). O Negro no Brasil: estudos em homenagem a Clóvis Moura. Maceió: Editora da Universidade Federal de Alagoas-EDUFAL, 2003.

SALVADOR, Frei Vicente. História do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2010.

SEBASTIÃO, Rocha Pitta. História da America Portugueza. Bahia: Impressor da Academia Real, 1878.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o ”branquíssimo”: Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. (Doutorado em Psicologia Social) Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo.

SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Traduzida do inglês pelo Dr. Luiz Joaquim de Oliveira e Castro; anotada por J. C. Fernandes Pinheiro. v. I. Rio de Janeiro: Garnier, 1862.

SOUZA, Gustavo Orsolon. “Rebeliões da Senzala”: diálogos, memória e legado de um intelectual brasileiro. 2013. (Mestrado em História) Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

TRAPP, Rafael Petry. História, raça e sociedade: Notas sobre descolonização e historiografia brasileira. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 22, n. 2, 2019. p. 52-77.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História geral do Brasil, isto é, do descobrimento, colonização, legislação e desenvolvimento deste estado, hoje império independente, escrita em presença de muitos documentos autênticos recolhidos nos arquivos do Brasil, de Portugal, da Espanha e da Holanda. Por um sócio do Instituto Histórico do Brasil, natural de Sorocaba. Tomo Primeiro. Rio de Janeiro: E. e H. Laemmert, 1854.

VIANNA, Oliveira. Evolução do povo brasileiro. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1938.

Downloads

Publicado

2022-04-27

Como Citar

ASSUNÇÃO, M. As injustiças de Clio revisitado: Clóvis Moura e a crítica da branquitude no campo historiográfico. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 15, n. 38, p. 231–252, 2022. DOI: 10.15848/hh.v15i38.1841. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1841. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigo original