Inovação “historiográfica” antes da história-disciplina

Alcântara Machado e a escrita sobre São Paulo no período colonial

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v14i36.1707

Palabras clave:

Historiografia brasileira, Método, História regional e local

Resumen

Este artigo analisa a produção de uma novidade em escritos sobre a história nos anos 1920, ou seja, antes da criação de faculdades de História no Brasil e posterior profissionalização dos historiadores. O objetivo é mostrar que a categorização das obras em uma genealogia de teorias, métodos e autores normalmente tidos como historiadores (de ofício ou não) e que hoje compõem uma visão de “evolução” da disciplina é insuficiente para abarcar as complexidades envolvidas na eleição de uma obra como novidade. Dessa forma, tomou-se como fio condutor o livro Vida e morte do bandeirante, de José de Alcântara Machado de Oliveira (1875-1941), publicado em 1929, e sua relação com outros autores que escreviam sobre a mesma temática no mesmo período. Ao se cotejar esses autores “em uma concorrência”, analisar as críticas de recepção da obra e relacioná-la com outros livros sobre o passado paulista, pode-se compreender que a novidade se expressou mais pela forma da escrita, pela aproximação a uma tendência já existente de relatos de curiosidades sobre o passado e pela relação com o direito, do que pelo apego a métodos historiográficos ou distanciamento deles. Trazer tudo isso para o debate permite, assim, compreender melhor as relações estabelecidas entre autor, obra, seus leitores e o espaço intelectual paulista dos anos 1920.

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Biografía del autor/a

Franco Della Valle, Universidade de São Paulo

Franco Della Valle é bacharel em Direito, licenciado em História, mestre e doutorando em História Social. Pesquisa temas sobre História Intelectual e sobre o Direito no Brasil. Publicou os seguintes artigos: Vida e morte do bandeirante: história e afeto do passado de São Paulo, pela revista Intellèctus, UERJ, em 2015, e Os juristas e a imagem da imprescindibilidade: a memória como capital simbólico, pela Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia, UEG, em 2017. 

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Publicado

2021-08-31

Cómo citar

DELLA VALLE, F. Inovação “historiográfica” antes da história-disciplina: Alcântara Machado e a escrita sobre São Paulo no período colonial. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 14, n. 36, p. 319–348, 2021. DOI: 10.15848/hh.v14i36.1707. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1707. Acesso em: 21 nov. 2024.

Número

Sección

Dossiê: História como (In)disciplina