Tempo, história e subjetividade em uma abordagem “atópica” das teses de Walter Benjamin em seu ensaio Sobre o conceito de história

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v12i29.1374

Palabras clave:

Tiempo, Subjetividad, Walter Benjamin

Resumen

Neste artigo, busca-se refletir acerca dos problemas do tempo e da subjetividade na produção de conhecimento histórico. A abordagem escolhida é profundamente inspirada no pensamento de Giorgio Agamben e parte da citação da relação entre história e poesia no trecho 1451 (a, b) da Poética de Aristóteles. O trecho procura estabelecer uma diferença entre história e poesia, que é discutida aqui com referência a três dimensões míticas da temporalidade grega — aiônchrónoskairós — com o objetivo de caracterizar esboços de uma concepção de tempo diferente da nossa e para a qual se propõe aqui a imagem do “corpo do tempo”. O diálogo que se segue com as teses incluídas em Sobre o conceito de história, de Walter Benjamin, aproxima a problemática do corpo do tempo à questão da ação e da subjetividade histórica, indagando sobre a possibilidade de conceber uma imagem do tempo mais adequada à ação constituinte do sujeito histórico e a sua relação com o possível.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Marta Mega de Andrade, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Associada do Instituto de História da UFRJ, atuando no Programa de Pós-Graduação em História Social e no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional. Bolsista de Produtividade em Pesquisa e coordenadora dos grupos de pesquisa História das Mulheres e das Concepções de Gênero e Núcleo de Estudos de História e Filosofia. Especializada em História das mulheres, gênero e política na sociedade políade grega, história e filosofia política, teoria e filosofia da história.

Citas

AGAMBEN, Giorgio. Infância e História. Destruição da Experiência e Origem da História. Traduzido por Henrique Burigo. Belo Horizonte: ed. UFMG, 2008.

AGAMBEN, Giorgio. Walter Benjamin e o Demônico. In: AGAMBEN, Giorgio. A Potência do Pensamento. Traduzido por Antonio Guerreiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2015, p. 185-210.

ARISTÓTELES. Poética. Traduzido por Paulo Pinheiro. São Paulo: Editora 34, 2015.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: LOWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Traduzido por Jeanne Marie Gagnebin e Marcos Lutz Müller. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 33-146.

BENJAMIN, Walter. O tédio e o eterno retorno. In: BENJAMIN, Walter. Passagens. Traduzido por Irene Aron e Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: ed. UFMG, 2009, p. 141-160.

BERGER, Fréderique. De L’Infans a l’Enfant. Les enjeux de la structuration subjective. Bulletin de Psychologie, v. 5, n. 479, p. 505-512, 2005. DOI: https://doi.org/10.3917/bupsy.479.0505

BAPTISTA, Mauro Rocha. O tempo e a criança: comentários ao fragmento 52 de Heráclito de Éfeso. Mal-Estar em Sociedade, Barbacena, ano III, n. 4, p. 85-100, jun. 2010.

BOCAYUVA, Izabela. Parmênides e Heráclito: Diferença e Sintonia. Kriterion, Belo Horizonte, n. 122, p. 399-412, dez. 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-512X2010000200004

CANTINHO, Maria João. O vôo suspenso do tempo: estudo sobre o conceito de imagem dialética na obra de Walter Benjamin. Espéculo. Revista de estudios literarios. Universidad Complutense de Madrid, 2008. Disponível em: http://www.ucm.es/info/especulo/numero39/imadiale.html. Acesso em: 3 ago. 2018.

CERQUEIRA, Fábio Vergara. As Origens do Direito Ocidental na Pólis Grega. Revista Justiça e História, v. 2, n. 3, p. 1-8, 2009. Disponível em: https://bit.ly/23kXSne. Acesso em: 8 mar. 2018

CRANE, Susan. Historical Subjectivity: A Review Essay. The Journal of Modern History, v. 78, n. 2, p. 434-456, jun. 2006. DOI: https://doi.org/10.1086/505803

DARBO-PECHANSKY, Catherine. O Discurso do Particular. Ensaio sobre a investigação de Heródoto. Traduzido por Angela Martinazzo. Brasília: UNB, 1998.

DE CERTEAU, Michel. A Invenção do Cotidiano. Artes de Fazer. Traduzido por Ephrain Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1998.

DETIENNE, Marcel; VERNANT, Jean-Pierre. Métis. As astúcias da inteligência. Traduzido por Filomena Hirata. São Paulo: Odysseus, 2008.

FINLEY. Moses. Mito, memória, história. In: Uso e Abuso da História. Traduzido por Marilene Pinto Michael. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 3-27.

FONTANILLE, Jacques. Temporalités. In: FONTANILLE, Jacques. Formes de vie. Liège: Presses Universitaires de Liège, 2015, p. 171-192.

FOUCAULT, Michel. Inutile de se soulever? Le Monde, n. 10661, p. 11-12, maio 1979. (Dits et Écrits, III, n. 269).

FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Traduzido por Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. A Verdade e as Formas Jurídicas. Traduzido por Roberto C. M. Machado e Eduardo J. Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.

GANDLER, Stefan. Fragmentos de Frankfurt. Ensayos sobre la teoría crítica. Ciudad de México: Siglo XXI, 2009.

GANDLER, Stefan. ¿Por qué el ángel de la historia mira hacia atrás? In: ECHEVERRÍA, Bolívar (org.). La mirada del ángel. En torno a las Tesis sobre la historia de Walter Benjamin. Cidade do México: Ediciones Era, 2013b (kindle ed.), p. 537-1238.

GINZBURG, Carlo. Olhos de Madeira. Nove reflexões sobre a distância. Traduzido por Eduardo Brandão. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

GINZBURG, Carlo. Relações de Força. História, Retórica, Prova. Traduzido por Jônatas Batista Neto. São Paulo: Cia das Letras, 2002.

HARTOG, François. O Espelho de Heródoto. Ensaio sobre a representação do Outro. Traduzido por Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: EdUFMG, 1999.

HARTOG, François. Regimes d’Historicité. Presentisme et expériences du temps. Paris: Seuil, 2003.

HEIDEGGER, Martin. Tempo e Ser. In: Conferências e escritos filosóficos. Traduzido por Ernildo Stein. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 454-469.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Traduzido por Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira; revisão de César Benjamin. Rio de Janeiro: Contraponto-Ed. PUC-Rio, 2006.

LEFEBVRE, Henri. Critique de la Vie Quotidienne. Introduction. Paris: L’Arche, 1958.

LEFEBVRE, Henri. A Vida Cotidiana no Mundo Moderno. Traduzido por Alcides João de Barros. São Paulo: Ática, 1991.

LIANERI, Alexandra (ed.). The western time of Ancient History. Historiographical encounters with the Greek and Roman pasts. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

LOWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Traduzido por Wanda Nogueira Caldeira Brent. São Paulo: Boitempo, 2005.

MARQUES, Danilo Araújo. No Future: esboços para uma ação política no “novo tempo do mundo”. História da Historiografia, v. 9, n. 21, p. 43-54, ago. 2016. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i21.1014

MARRAMAO, Giacomo. Kairós. Towards an Ontology of “Due Time”. Aurora: The Davies Group, 2007.

MARRAMAO, Giacomo. Messianism without delay: on the “post-religious” political theology of Walter Benjamin. Constellations,

v. 15, n. 3, p. 397-405, 2008.

MOMIGLIANO, Arnaldo. Problèmes d’Historiographie ancienne et moderne. Traduzido por Alain Tachet. Paris: Gallimard, 1983.

MOSÈS, Stéphane. The Angel of History. Rosenzweig, Benjamin, Scholem. Traduzido por Barbara Harshau. Stanford: University of California Press, 2008.

NEGRI, Antonio. Virtù e fortuna. O paradigma maquiaveliano. In: NEGRI, Antonio. O Poder Constituinte. Ensaios sobre as alternativas da modernidade. Traduzido por Adriano Pilatti. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 57-148.

NEGRI, Antonio. Kairós, Alma, Venus, Multitudo. Nove lições ensinadas a mim mesmo. Traduzido por Orlando dos Reis e Marcello Lino. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

PIRES, Francisco Murari. O fardo e o fio: na contramão da exposição historiográfica. História da Historiografia,

v. 7, n. 15, p. 70-88, ago. 2014. DOI: https://doi.org/10.7588/worllitetoda.88.1.0070

QUIGNARD, Pascal. Les ombres errantes. Paris: Gallimard, 2002.

SARLO, Beatriz. Siete ensayos sobre Walter Benjamin. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2007.

SCHOLEM, Gershom. Walter Benjamin and his Angel. In: SCHOLEM, Gershom. On Jews and Judaism in Crisis. Selected essays. New York: Schoken Books, 1976.

SCHOLEM, Gershom. Walter Benjamin. A história de uma amizade. Traduzido por Geraldo G. de Souza. São Paulo: Perspectiva, 2008.

TARDE, Gabriel. Os possíveis. In: TARDE, Gabriel. Monadologia e Sociologia. Traduzido por Paulo Neves. São Paulo: Cosac & Naify, 2007, p. 193-233.

TUCKER, Ericka. The subject of History: historical subjectivity and historical science. Journal of the Philosophy of History, n. 7, p. 205-229, 2013. DOI: https://doi.org/10.1163/18722636-12341250

WEISS, Helene. The Greek Conceptions of Time and Being in the Light of Heidegger’s Philosophy. Philosophy

and Phenomenological Research, v. 2, n. 2, p. 173-187, dez. 1941. DOI: https://doi.org/10.2307/2102928

VEYNE, Paul. Acreditavam os Gregos em seus Mitos? São Paulo: Brasiliense, 1984.

VLASSOPOULOS, Kostas. Unthinking the Greek Polis: Ancient Greek History beyond eurocentrism. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511482946

Publicado

2019-04-28

Cómo citar

ANDRADE, M. M. de. Tempo, história e subjetividade em uma abordagem “atópica” das teses de Walter Benjamin em seu ensaio Sobre o conceito de história. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 12, n. 29, 2019. DOI: 10.15848/hh.v12i29.1374. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1374. Acesso em: 25 nov. 2024.

Número

Sección

Artigo