Descobrir, desapossar

ensaio sobre Michel de Certeau e o lugar da ética na teoria e na historiografia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v14i36.1627

Palavras-chave:

Ética, Escrita da história, Michel de Certeau

Resumo

Neste ensaio, os pressupostos éticos relativos às configurações dos domínios de natureza disciplinar são tomados como interrogação central aos estudos de teoria da história e da historiografia. Os riscos do estabelecimento de fronteiras e, portanto, de um modo determinado de se relacionar com o outro são colocados em perspectiva crítica, problematizando-se uma ética da passagem, da travessia e da circulação e, por outro lado, a sua recusa por meio da secundarização do corpo, do cuidado e da vulnerabilidade. Inicialmente, essas reflexões são realizadas a partir de um diálogo com autores diversos para, em seguida, analisarem-se com mais profundidade questionamentos similares realizados por Michel de Certeau. O objetivo é indicar a riqueza de suas formulações e suas consequências em favor de uma ética para os estudos teóricos e historiográficos, sobretudo por permitirem repensar as tendências à apropriação e ao apossamento que podem caracterizar as pesquisas sobre a escrita da história.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Douglas Attila Marcelino, Universidade Federal de Minas Gerais

Douglas Attila Marcelino é professor associado de teoria da história e história da historiografia da Universidade Federal de Minas Gerais e autor, entre outros, de O corpo da Nova República: funerais presidenciais, representação histórica e imaginário político (FGV, 2015) e Historiografia, morte e imaginário: estudos sobre racionalidades e sensibilidades políticas (Alameda, 2017). Recebeu o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 2009, o Prêmio de Pesquisa Anpuh-Rio 2012 e o Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2016. É bolsista de produtividade do CNPq e coordenador do grupo de pesquisa Ritualizações do poder e do tempo: grupo de estudos em teoria e historiografia (UFMG).

Referências

ADORNO, Theodor W. O ensaio como forma. In: ADORNO, Theodor W. Notas de literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003. p. 15-45.

BENJAMIN, Walter. Questões introdutórias de crítica do conhecimento. In: BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 49-79.

BENSE, Max. O ensaio e sua prosa. In: PIRES, Paulo Roberto (org.). Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2018. p. 110-124.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. Campinas: Papirus, 2012.

CERTEAU, Michel de. A escritura da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017.

CERTEAU, Michel de. A fábula mística: séculos XVI e XVII – volume 1. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.

CERTEAU, Michel de. A fábula mística: séculos XVI e XVII – volume 2. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015a.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

CERTEAU, Michel de. Histoire et psychanalyse entre science et fiction. Paris: Gallimard, 2016.

CERTEAU, Michel de. História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

CERTEAU, Michel de. L’Absent de l’histoire. Paris: Mame, 1973.

CERTEAU, Michel de. L’écriture de l’histoire. Paris: Gallimard, 1975. (Collection Folio/Histoire).

CERTEAU, Michel de. L’invention du quotidien I : Arts de faire. Paris: Gallimard, 1990.

CERTEAU, Michel de. La culture au pluriel. Paris: Christian Bourgois Éditeur, 1980.

CERTEAU, Michel de. La fable mystique I (XVIe - XVIIe siècle). Paris: Gallimard, 1982.

CERTEAU, Michel de. La fable mystique II (XVIe - XVIIe siècle). Paris: Gallimard, 2013.

CERTEAU, Michel de. La faiblesse de croire. Paris: Seuil, 1987.

CERTEAU, Michel de. La prise de parole et autres écrits politiques. Paris: Seuil, 1994a.

CERTEAU, Michel de; MIREILLE, Cifali. Entretien, mystique et psychanalyse. Espaces Temps, Paris, n. 80-81, p. 156-175, 2002. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/espat_0339-3267_2002_num_80_1_4209. Acesso em: 5 fev. 2020.

CERTEAU, Michel de. Montaigne : «Des Cannibales». In: CERTEAU, Michel de. Le lieu de l’autre. Paris: Gallimard/Seuil, 2005. p. 249-263.

DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1991.

FONKOUA, Romuald. “Prises” et “reprises de paroles”. Michel de Certeau au miroir des “écrivains subalternes”. Les Dossiers du Grihl, Paris, fev./mar. 2018. Disponível em: http://journals.openedition.org/dossiersgrihl/6922. Acesso em: 10 dez. 2019.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GIARD, Luce. Um caminho não traçado. In: CERTEAU, Michel de. História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. p. 7-41.

GODZICH, Wlad. The further possibility of knowledge. In: CERTEAU, Michel de. Heterologies: discourse on the Other. Minneapolis e Londres: University of Minnesota Press, 2000. p. VII-XXI.

LACAN, Jacques. Le séminaire, livre VII : l’éthique de la psychanalyse. Paris: Seuil, 1986.

LEVINAS, Emmanuel. Autrement qu’être ou au-delà de l’essence. Paris: Kluwer Academic, 1978.

LEVINAS, Emmanuel. Dieu, la mort et le temps. Paris: Éditions Grasset & Fasquelle, 1993.

LEVINAS, Emmanuel. Éthique et infini. Paris: Fayard, 2008.

LEVINAS, Emmanuel. Totalité et infini : essai sur l’extériorité. Paris: Martinus Nijhoff, 1971.

LUKÁCS, Georg. Sobre a forma e a essência do ensaio: carta a Leo Popper. In: LUKÁCS, Georg. A alma e as formas: ensaios. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. p. 31-54.

MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. Lisboa: Antígona, 2017.

PELLETIER, Denis. Histoire, littérature et psychanalyse. Michel de Certeau et l’école des Annales (1974-1975). Les Dossiers du Grihl, Paris, fev./mar. 2018. Disponível em: http://journals.openedition.org/dossiersgrihl/6840. Acesso em: 2 fev. 2020.

RANCIÈRE, Jacques. Le partage du sensible. Paris: La Fabrique-Éditions, 2000.

SERRES, Michel. O mal limpo: poluir para se apropriar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

STAROBINSKI, Jean. É possível definir o ensaio? In: PIRES, Paulo Roberto (org.). Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2018. p. 12-26.

Downloads

Publicado

2021-08-31

Como Citar

MARCELINO, D. A. Descobrir, desapossar: ensaio sobre Michel de Certeau e o lugar da ética na teoria e na historiografia. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 14, n. 36, p. 45–72, 2021. DOI: 10.15848/hh.v14i36.1627. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1627. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: História como (In)disciplina