Ainda sobre fantasmas

temporalidade, arquivo e futuro no romance de Mohamed Mbougar Sarr

Autores

  • Eduardo Ferraz Felippe Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2052

Palavras-chave:

Temporalidades, Romance, Futuro, Racismo, Colonialidade

Resumo

O artigo explora questões relativas às figurações do tempo em sua relação com modos de elaboração da experiência histórica ao analisar o romance La plus secrète mémoire des hommes de Mohamed Mbougar Sarr. O ensaio refuta categorias analíticas e normativas como sujeito universal e representação histórica em um romance que se utiliza da pesquisa histórica. O artigo também pretende ressaltar que a crítica pós-colonial, ou decolonial, se manifesta de maneira constativa, e não performática, limitando a eficácia do tratamento de temas sensíveis para além da arquitetura conceitual dos estudos traumáticos. Considero que o romance permite maior abertura para o questionamento dos limites do conhecimento histórico frente às críticas provenientes de autores que debatem temporalidade, colonialismo e racismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduardo Ferraz Felippe, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Departamento de História UERJ

Referências

AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: Clarendon Press, 1962.

BEVERNAGE, Berber; LORENZ, Chris. Negotiating the borders between present, past and future. Storia della Storiografia, Pisa, 63, 1 , p. 31-51, 2013.

BOLAÑO, Roberto. Os Detetives Selvagens. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

BORGES, Jorge Luis. “Pierre Menard, autor do Quixote.” In: BORGES, Jorge Luis. Ficções. Tradução de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 34 - 45

COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Tradução de Claudia de Moares Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Tradução de Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

FOSTER, Hal. O retorno do real. Tradução de Célia Euvaldo. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.

FOSTER, Hal. An archival impulse. MIT Press, n. 110, p. 3-22, Oct. 2004. DOI: https://doi.org/10.1162/0162287042379847

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 7ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

FUENTES, Carlos. La muerte de Artemio Cruz. Buenos Aires: Alfaguara, 2008

GENETTE, Gérard. Discurso da Narrativa. Tradução de Fernando Cabral Martins. Lisboa: Vega, 1987.

GILROY, Paul. O Atlántico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001

HARTMAN, Saidiya. Perder a mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão. tradução José Luiz Pereira da Costa. 1. ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

HARTMAN, Saidiya. Wayward lives, Beautiful Experiments: Intimate Histories of Social Upheaval. New York: W. W. Norton & Company, 2019.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.

KILOMBA, Grada; César, Felipa; McCarty, Diana. “CONAKRY”. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/

watch?v=7YkldKs93jE Acesso em: 14 mai 2022.

KOSELLECK, Reinhart. O Conceito de História. Tradução de René E. Gertz. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

KLEINBERG, Ethan. Haunting History: for a deconstructive approach of the past. Stanford University Press, 2017.

LACAPRA, Dominick. History, Politics and Novel. Ithaca: Cornell University Press, 1987.

LEITE, Guilherme Rodrigues. Ficções de arquivo e autoritarismo de Estado na América Latina: uma leitura de “El material humano”, de Rodrigo Rey Rosa. 2018. Dissertação de mestrado em História PPGH- UERJ, 2018.

MARQUEZ, Gabriel Garica. Cem anos de solidão. Tradução: Eliane Zagury. 10° edição Rio de Janeiro: editora Sabiá, 1971.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Tradução: Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018.

MIGNOLO, Walter. “Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade.” Tradução: Marco Oliveira Revista Brasileira de Ciências Sociais RBCS, v. 32, n. 94, p. 1-18, junho 2017.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de S.; MENESES, Maria Paula.

Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 73-116.

RAMOS, André da Silva. Machado de Assis e a experiência da história: climas e espectralidade. Tese de Doutorado em História apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História do Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, 2019.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Tradução de Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2009.

REY ROSA, Rodrigo. O Material Humano. Tradução de Josely Vianna Baptista. Ed: Benvirá, 2011.

RULFO, Juan. Pedro Páramo. Tradução de Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro: BestBooks, 2008.

SARR, Mohamed Mbougard. La plus secrète mémoire des hommes. Editions Philippe Rey/Jimsaan, 2021.

THUIN, Antonia. La plus secrète mémoire des hommes: modos de usar e de pensar a produção contemporânea não ocidental. Comunicação gentilmente cedida pela autora. (2022)

TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história. Tradução: Sebastião Nascimento. Curitiba: huya, 2016.

WHITE, Hayden. Introduction: Historical Fiction, Fictional History, and Historical Reality. Rethinking History, v. 9, n. 2/3, June/September 2005 p. 147 - 157.

WHITE, Hayden. “Auerbach’s Literary History: figural Causation and Modernist Historicism.” In: WHITE, Hayden. Figural Realism: Studies in the Mimesis Effect. The Johns Hopkins University Press, 1999. p. 87 - 101.

Publicado

2023-12-25

Como Citar

FELIPPE, E. F. Ainda sobre fantasmas: temporalidade, arquivo e futuro no romance de Mohamed Mbougar Sarr. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–26, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2052. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/2052. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Temporalização do tempo e regimes historiográficos