Causalidade e intencionalidade
uma contribuição ao debate sobre dimensão explicativa da historiografia
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v14i36.1632Palavras-chave:
Explicação histórica, Teoria da história, Causalidade históricaResumo
O procedimento explicativo faz parte do processo de reconstrução do passado. Embora tenha sofrido um processo de relativização nas últimas décadas, defendo que o procedimento explicativo deve ser ressaltado, tendo como base, preliminarmente, o reconhecimento da relação entre os conceitos de referente e representação os quais reintroduziram o tema da historicidade na teoria da história. Minha hipótese de trabalho sustenta que os fundamentos reconstrutivos dos historiadores, quando fatorizados, enfatizam a noção de intencionalidade como princípio estruturante da explicação histórica. Além disso, incorpora elementos causais e teleológicos em seu procedimento explicativo. Ademais, a historiografia apresenta um caráter multidescritivo, não se opondo à espinha dorsal das reflexões tropológicas. Assim, o exame da lógica interna das explicações históricas refuta as teses relativistas, geralmente expressas nas argumentações pseudo-históricas que confundem explicações diferentes com explicações divergentes.
Downloads
Referências
ANKERSMIT, Frank. Danto´s philosophy of history in retrospective. In: DANTO, Arthur. Narration and knowledge. New York: Columbia Universtity Press, 2007.
ANKERSMIT, Frank. Meaning, truth, and reference in historical representation. Ithaca, NY, USA: Cornell University Press, 2012.
ANKERSMIT, Frank. Resposta a Zagorin. Topoi, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 153-174, 2001. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1590/2237-101X002002006. Acesso em:
jun. 2019.
ANSCOMBE, Gertrud Elizabeth. Intentions. Harvard University Press, 2000 [1957].
ANTIQUEIRA, Moisés. Modelos causais e escrita da história. História da historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Mariana, v. 7, n. 14,
p. 11-26, abr. 2014. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/617. Acesso em: 25 jan. de 2020.
BENTIVOGLIO, Julio; TOZZI, Verónica. Do passado histórico ao passado prático:
anos de meta-história. Vitória: Milfontes, 2017.
CARDOSO, Fernando Henrique. Condições sociais da industrialização em São Paulo. Revista Brasiliense, São Paulo, n. 28, 1960.
CARR, Edward. O que é história? São Paulo: Paz & Terra, 1996 [1961].
CÉZAR, Temístocles, ÁVILA, Arthur. Hayden White. In: BENTIVOGLIO, Julio; AVELAR, Alexandre (org.). Afirmação da história como ciência no século XX. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 69-83.
COSTA, Carlos. Sobre a explicação na história. Universitas, Salvador, n. 29,
p. 109-134, 1982. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/universitas/article/view/1270/853. Acesso em 14 out. 2019.
COSTA LIMA, Luiz. Aguarrás do tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.
DA SILVA, Rogério Forastieli. A história da historiografia e o desafio do giro linguístico. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v. 8, n. 17, abr. 2015. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/694. Acesso em: 13 de jul. 2021.
DANTO, Arthur. Analytical philosophy of history. Cambridge: Cambridge University Press, 1965.
DANTO, Arthur. Narration and knowledge. New York: Columbia University Press, 2007.
DANTO, Arthur. Response to Frank Ankersmit. In: KELLY, Daniel (ed.). Action, Art, History: engagements with Arthur C. Danto. New York: Columbia University Press, 2007. p. 190-197.
DANTO, Arthur. The decline and fall of the analytical philosophy of history. In: ANKERSMIT, Frank; KELLNER, Hans (ed.). A new philosophy of history. Chicago: University of Chicago Press, 1995. p. 70-85.
DELGADO, Lucilia Neves. O Governo João Goulart e o Golpe de 1964: da construção do esquecimento às interpretações acadêmicas. Revista Grafía, Bogotá, v. 9,
p. 175-191, jan. 2012. Disponível em: http://revistas.fuac.edu.co/index.php/grafia/article/view/343. Acesso em: 25 mar. 2021.
DOMANSKA, Ewa. Encounters: philosophy of history after postmodernism. Virginia: University Press of Virginia, 1998.
DOMINGUES, Ivan. O fio e a trama: reflexões sobre tempo e história. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
DOSSE, Françoise. A história em migalhas. Campinas: Unicamp, 1992.
DOSSE, Françoise. A história. Bauru: Edusc, 2003a.
DOSSE, Françoise. O império do sentido. Bauru: Edusc, 2003b.
DRAY, Willian, Filosofia da história. Rio de Janeiro: Zahar, 1969 [1964].
DRAY, Willian. Laws and explanations in history. London: Oxford Univesity Press, 1959
DUQUE-ESTRADA, Paulo Cesar. Limites da Herança Heideggeriana: A Práxis na Hermenêutica de Gadamer. Revista Portuguesa De Filosofia, Braga, t. 56, f. 3/4, p. 509-520, 2000. Disponível em: www.jstor.org/stable/40337588. Acesso em: 26 mai. 2020.
EKSTRÖM, Mats. Causal Explanation of Social Action: The Contribution of Max Weber and of Critical Realism to a Generative View of Causal Explanation in Social Science. Acta Sociologica, Reykjavik, v. 35, n. 2, p. 107–122, Apr. 1992. Disponível em: https://doi.org/10.1177/000169939203500203. Acesso em: 13 jul. 2021.
FISCHER, David Hackett. Historians’ Fallacies: toward a logic of historical thought. New York: Harper Torchbooks, 1970.
GARDINER, Patrick. Teorias da história. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
GLOCK, Hans-Johann. Dicionário Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1985.
GREEN, Anna, TROUP, Kathleen (ed.). The houses of history. New York: New York University Press, 1999.
GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Historiografia e Nação no Brasil – 1838-1857. Rio de Janeiro: UERJ, 2011.
HAHN, Hans; NEURATH, Otto; CARNAP, Rudolf. A concepção científica de mundo. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, n. 10, p. 5-22, 1986.
HEMPEL, Karl. Explicação científica. In: MORGENBESSER, Sidney (org.). Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix, 1975. p. 157-169.
HEMPEL, Karl. The Function of General Laws in History. Journal of Philosophy, v. 39, n. 2, p. 35–48, Jan. 1942.
HOBSBAWM, Eric, RUDÉ, George. Capitão Swing. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 [1936].
IGGERS, Georg. Historiography in the twentieth century. Connecticut: Wesleyan University Press, 1997.
KANT, Immanuel. Critica da razão pura. São Paulo: Ediouro, 1981.
KUNH, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1997 [1960].
LLOYD, Christopher. As estruturas da história. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
LORENZ, Chris. É preciso três para dançar um tango: estabelecendo uma linha entre os passados prático e histórico. In. BENTIVOGLIO, Julio; TOZZI, Verônica.
Do passado histórico ao passado prático: 40 anos de meta-história. Vitória:
Milfontes, 2017. p. 43-71.
MACH, Ernest. The Science of Mechanics. Chicago, USA: The open court publishing, 1919. Disponível em: https://archive.org/details/scienceofmechani005860mbp/page/n513/mode/2up. Acesso em 26 mai. 2020.
MALERBA, Jurandir. O que narram os historiadores? Para uma genealogia da questão narrativa em história. Topoi, Rio de Janeiro, v. 17, n. 33, p. 399-418, jul./dez. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/topoi/v17n33/2237-101X-topoi-17-33-00399.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.
MANDELBAUM, Maurice. Some neglected philosophic problems regarding history. Journal of philosophy, New York, XLIX, v. 49, n. 10, p. 317-328, 1952.
MARANHÃO, Juliano. A Herança de Wittgenstein na Filosofia da Ação de von Wright. Cognitio, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 101-114, jan./jun. 2006a. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/cognitiofilosofia/article/view/13577/10086. Acesso em: 12 jan. 2020.
MARANHÃO, Juliano. Von Wright e o silogismo prático como método de compreensão da ação. Cognitio, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 261-275, jul./dez. 2006b. Disponível em: https://ken.pucsp.br/cognitiofilosofia/article/viewFile/13551/10066. Acesso em: 12 jan. 2020.
MARTINS, Estevão Rezende. A filosofia analítica da história. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de (org.). Paradigmas filosóficos da atualidade. Campinas, SP: Papirus,
p. 83-98.
MENDES, Breno. Filosofia da existência, existencialismo e o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Mariana, v. 13, n. 33, p. 431-465, maio/ago. 2020. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1563. Acesso em: 10 ago. 2021.
MINK, Louis. Philosophy and theory of history: In: IGGERS, Georg; PARKER, Harold Talbot (ed.). International handbook of historical studies. Connecticut: Greenwood Press, 1979. p. 17-27.
MUNSLOW, Alun. Narrative and history. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2007.
MURPHEY, Murray G. Truth & History. Albany: State University of New York Press, 2009.
NALLI, Marcos. Paul Ricoeur leitor de Husserl. Trans/Form/Ação, Marília, v. 29, n. 2,
p. 155-180, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-31732006000200012. Acesso em: 26 mai. 2020.
POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 2008.
PUTNAM, Hilary. Probabilidade e confirmação. In: MORGENBESSER, Sidney. Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix, 1975. p. 139-156.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994.
RINGER, Fritz. Max Weber on causal analysis, interpretation, and comparison. History and Theory, Middletown, v. 41, n. 2, p. 163-178, 2002. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/0018-2656.00197. Acesso em: 10 ago. 2021.
ROLDÁN, Concha. Entre Cassandra y Clío: una historia de la filosofia de la historia. Madrid: Akal,1997.
RUSEN, Jorn. Teoria da história: uma teoría da história como ciencia. Curitiba: UFPR, 2015.
RUSEN, Jorn. History: narration, interpretation, orientation. New York: Berghahn Books, 2008.
SEGATTO, Antônio Ianni. Carnap, Wittgenstein e o problema da metafísica. Cadernos de filosofia alemã, São Paulo, v. 21, n. 2, 2016. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/filosofiaalema/article/view/123994/120159. Acesso em: 15 mai. 2020.
SEGATTO, Antonio Ianni. Wittgenstein e o problema da harmonia entre
pensamento e realidade. São Paulo: UNESP, 2015. E-book.
SELL, Carlos Eduardo. Racionalidade e racionalização em Max Weber. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 27, n. 79, p.153-172, jun. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69092012000200010. Acesso em: 25 mai. 2020.
SENEDA, Marcos César; CUSTÓDIO, Henrique Florentino (Org.). Max Weber: religião, valores, teoria do conhecimento. Uberlândia: UFU, 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/322984868_MAX_WEBER_RELIGIAO_VALORES_E_TEORIA_DO_CONHECIMENTO. Acesso em: 25 maio 2020.
TOSH, Josh. The pursuit of history. London: Routledge, 1984.
TOZZI, Verónica. La historia segun la nueva filosofia de la historia. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2009.
TOZZI, Veronica. Una aplicación de la filosofía del arte de Danto a los problemas de la demarcación entre la narrativa literaria y la “meramente” histórica. Revista Internacional de Filosofia, Murcia, n. 49, p. 119-139, 2010.
VEYNE, Paul. Como se escreve a história? Brasília: UnB, 1998 [1971].
WALSH, W. G. Introdución a la filosofia de la historia. Distrito Federal, México: Siglo XXI Editores, 1968 [1951].
WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais I. Campinas: Cortez, 1992.
WHITE, Hayden. Metahistória. São Paulo: Edusp, 1995.
WHITE, Hayden. The practical past. Historein, Athenas, v.10, p. 10-19, 2010.
Disponível em: http://www.gruponavis.com.br/The%20practical%20past%20-%20Hayden%20White.pdf. Acesso em: 30 jan. 2020.
WRIGHT, Georg Henrik von. Explanation and understanding. New York: Cornell University Press, 2004 [1971].
YTURBE, C. Filosofia de la história. Madrid, Espanha: Trotta, 1993.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Cristiano Alencar Arrais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O envio de manuscrito para a revista garante aos seus autores a manutenção dos direitos autorais sobre o mesmo e autoria que a revista realize a primeira publicação do texto. Os dados, conceitos e opiniões apresentados nos trabalhos, bem como a exatidão das referências documentais e bibliográficas, são de inteira responsabilidade dos autores.
Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.