Matrizes ideológicas da historiografia brasileira

as primeiras histórias partidárias da independência (1826-1849)

Autores

  • Christian Lynch

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v17.2171

Palavras-chave:

Ideologia, Historiografia, Independência do Brasil

Resumo

Para demonstrar as relações íntimas entre as ideologias e a escrita da história do Brasil, este artigo revisita as décadas posteriores à independência com o objetivo de correlacionar as histórias da independência ao seu contexto partidário de produção. Os partidos que disputavam o poder também disputavam o “sentido da revolução”, ou seja, as razões e o significado dos acontecimentos que levaram ao fim do Antigo Regime e à separação de Portugal. Se é possível ler a História dos principais sucessos do Império do Brasil do visconde de Cairu (1830) pelas lentes conservadoras do “partido realista”, se pode fazer o mesmo a respeito da História do Brasil (1836) de John Armitage, correlacionando-o à visão de mundo do “partido liberal moderado”, bem como vincular a História dos movimentos de 1842 (1844) de José Antônio Marinho e O libelo do povo de Torres Homem (1849) às expectativas do partido radical ou luzia. Essas diferentes narrativas partidárias, plasmadas como histórias, serviram de matrizes ideológicas para as historiografias que se formariam a partir da década de 1860: a conservadora, a liberal e a radical.

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Publicado

2024-12-25

Como Citar

LYNCH, C. Matrizes ideológicas da historiografia brasileira: as primeiras histórias partidárias da independência (1826-1849). História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 17, p. 1–29, 2024. DOI: 10.15848/hh.v17.2171. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/2171. Acesso em: 27 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigo original