Corpos, tempos, lugares das historiografias

Autores

  • Patricia Santos Hansen Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/CHAM-Centro de Humanidades/Lisboa/Portugal
  • Maria da Glória de Oliveira Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Instituto de Ciências Humanas e Sociais/Departamento de História/Seropédica/RJ/Brasil

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2084

Palavras-chave:

Epistemologia, Identidade, Teoria da História

Resumo

As lutas por reconhecimento das identidades coletivas sempre produziram tensões no trabalho de historiadores, sinalizando as implicações éticas e políticas do pensamento histórico, o caráter situado das premissas epistemológicas das práticas acadêmicas e a condição social marcada nos sujeitos que fazem e escrevem história. Os artigos deste dossiê abordam, a partir de perspectivas diversas, as marcas de corporeidade implicadas na operação historiográfica, considerando a noção de corpo não apenas como condição da experiência e da escrita da história, mas como o traço mais tangível das diferenças e da situacionalidade temporal e espacial dos sujeitos epistêmicos e de suas possibilidades
de negociação e pertencimento. O objetivo é a ampliação do debate numa abordagem cruzada e interseccional, de forma a contribuir para a problematização dos corpos, tempos e lugares da operação historiográfica e, mais amplamente, do
campo disciplinar da história.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBUQUERQUE JR. Durval Muniz de. A mobilização das carnes: história, desejo e política ao rés dos corpos. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2005

ALCOFF, Linda M. Visible Identities: race, gender, and the self. New York: Oxford University Press, 2006.

ALCOFF, Linda M.; POTTER, Elizabeth (ed.). Feminist epistemologies. New York: Routledge, 1993.

ALFIERI, Noemi. Mensagem, Présence Africaine, Black Orpheus: epistemologias africanas, redes internacionais e a renovação do panorama literário (anos 60). História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2006

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands, La Frontera: the new mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.

ASSUNÇÃO, Marcelo F. M. de; TRAPP, Rafael P. É possível indisciplinar o cânone da história da historiografia brasileira? Pensamento afrodiaspórico e (re)escrita da história em Beatriz Nascimento e Clóvis Moura. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 41, n. 88, p. 229-252, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-93472021v41n88-12. Acesso em: 8 jan. 2023.

ÁVILA, A. L. de. O que significa indisciplinar a história? In: ÁVILA, A. L. de.; NICOLAZZI, F.; TURIN, R. A História (in) disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento. Vitória: Milfontes, 2019. p. 19-51.

BARAD, Karen. Meeting the universe halfway: quantum physics and the entanglement of matter and meaning. Durham: Duke University Press, 2007.

BUTLER, Judith. Corpos que ainda importam. In: COLLING, Leandro (org.). Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EdUFBA, 2016. p. 14-33. E-book. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/30169. Acesso em 3 jan 2023.

CAIXETA, Laura Jamal. Corpos e gênero na história da historiografia: as possibilidades do “ser historiador” através das memórias de Alice Canabrava. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2001

CERTEAU, Michel de. A história, ciência e ficção. In: CERTEAU, Michel de. História e psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. p. 45-70.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução Jamille P. Dias. São Paulo: Boitempo, 2019 [1990].

COSTA, Thiago Venícius de Sousa. Lima Barreto e a política dos sentidos em Numa e a Ninfa: um estudo da expressividade do corpo. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1985

DALFRÉ, Liz Andréa. Mundo ao Revés: Silvia Rivera Cusicanqui e a criação de uma episteme visual para a América Andina. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1987

DAUKAS, Nancy. Epistemic trust and social location. Episteme, Cambridge, v. 3, issue 1-2, p. 109-124, June 2006. Disponível em: https://doi.org/10.3366/epi.2006.3.1-2.109. Acesso em: 8 jan.2023.

DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx. Tradução Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

DUSSEL, Enrique. Meditações anti-cartesianas sobre a origem do anti-discurso filosófico da modernidade. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. 2ª. ed. Coimbra: Edições Almedina, 2018. p. 307-358.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008 [1952].

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FERDINAND, Malcom. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. Tradução Letícia Mei. São Paulo: Ubu Editora, 2022.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia e a história. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 16ª. ed. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p. 15-37.

GLISSANT, Édouard. Poética da relação. Tradução Marcela Vieira e Eduardo Jorge de Oliveira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021 [2009].

GONZÁLEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (org.). Por um feminismo afro-latinoamericano: ensaios, intervenções, diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020 [1984]. p. 75-93.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7- 41, 2009 [1986]. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773. Acesso em: 8 jan. 2023.

HARDING, Sandra; HINTIKKA, Merrill B. (ed.). Discovering Reality: Feminist Perspectives on Epistemology, Metaphysics, Methodology, and Philosophy of Science. Synthese Library, v. 161, Springer Netherlands, 1983.

HARTSOCK, Nancy C. M. The Feminist Standpoint: Developing the Ground for a Specifically Feminist Historical Materialism. In: HARDING, Sandra; HINTIKKA, Merrill B. (ed.). Discovering Reality: Feminist Perspectives on Epistemology, Metaphysics, Methodology, and Philosophy of Science. Synthese Library, v. 161, Springer Netherlands, 1983. p. 283–310.

HOOKS, bell. Black women intellectual. In: HOOKS, bell; WEST, Cornel (ed.). Breaking bread: insurgent black intellectual life. Boston: South End Press, 1991. p. 147-164.

LONGINO, Helen E. Subjects, power, and knowledge: description and prescription in Feminist Philosophies of Science. In: ALCOFF, Linda; POTTER, Elizabeth (ed.). Feminist epistemologies. New York: Routledge, 1993. p. 101-120.

LUGONES, María. Toward a decolonial feminism. Hypatia, Cambridge, v. 26, n. 4, p. 742-759, 2010. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40928654. Acesso em: 8 jan. 2023.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Pensamento crítico desde a subalternidade: os estudos étnicos como ciências descoloniais ou para a transformação das humanidades e das ciências sociais no século XXI. Afro-Ásia, Salvador, n. 34, p. 105-129, 2006. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/21114. Acesso em: 29 nov. 2022.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais, projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento limiar. Tradução Solange R. de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2020 [2000].

MUDROVCIC, María Inés. Políticas del tiempo, políticas de la historia: ¿quiénes son mis contemporáneos? ArtCultura, Uberlândia, v. 20, n. 36, p. 7-14, 2018. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/artcultura/article/view/45584/24386. Acesso em: 28 jan. 2023.

NICOLAZZI, Fernando. Culturas de passado e eurocentrismo: o périplo de tláloc. In: ÁVILA, A. L. de.; NICOLAZZI, F.; TURIN, R. A História (in) disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento. Vitória: Milfontes, 2019. p. 211-243.

OHARA, J. R. M. Virtudes Epistêmicas na Prática do Historiador: o caso da sensibilidade histórica na historiografia brasileira (1980-1990). História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 9, n. 22, 2017. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1107. Acesso em: 8 jan. 2023.

OLIVEIRA, Cláudia de; GUERRA, Paula. Seguimos numa busca incessante por um lugar na história: Amuamas, Juliana Notari e ecofeminismo. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1991

OLIVEIRA, M. da G. de. Os sons do silêncio: interpelações feministas decoloniais à História da historiografia. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 11, n. 28, 2018. p. 104-140. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1414. Acesso em: 8 jan. 2023.

OLIVEIRA, Maria da Gloria de. A história disciplinada e seus outros: reflexões sobre as (in)utilidades de uma categoria. In: AVILA, Arthur de L.; NICOLAZZI, Fernando; TURIN, Rodrigo (org.). A história (in)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico. Vitória: Milfontes, 2019. p. 27-39.

OYEWÙMÍ, Oyènrónké. Conceitualizando gênero: a fundação eurocêntrica de conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018 [1997]. p. 171-182.

PEREIRA, A. C. B. Precisamos falar sobre o lugar epistêmico na Teoria da História. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, p. 88-114, 2018. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180310242018088. Acesso em: 8 jan. 2023.

PEREIRA, Ana Carolina Barbosa. Redimensionando: uma forma de “leitura crítica” aplicada à Historik de Jörn Rüsen. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2000

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (ed.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p.93-126 .

RANGEL, Marcelo. A urgência do ético: o giro ético-político na teoria da história e na história da historiografia. Ponta de Lança, São Cristóvão, v. 13, n. 25, p. 27-46, 2019. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/pontadelanca/article/view/12619 . Acesso em: 27 jan. 2023.

SANTOS, Pedro A.; NICODEMO, Thiago L.; PEREIRA, Mateus H. de F. Historiografias periféricas em perspectiva global ou transnacional: o eurocentrismo em questão. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 30, n. 60, p. 161-186, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eh/a/tJs7wp9kzqGQn4Q4YqkW3WB/abstract/?lang=pt. Acesso em: 8 jan. 2023.

SCOTT, Joan W. History is always about politics. The Chronicle of higher education. Washington, August, 24, 2022. Disponível em: https://www.chronicle.com/article/history-is-always-about-politics?cid=gen_sign_in. Acesso em: 20 dez. 2022.

SETH, S. Razão ou Raciocínio? Clio ou Shiva?. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 6, n. 11, p. 173–189, 2013. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/554. Acesso em: 8 jan. 2023.

SILVA, Denise Ferreira da. Homo modernus: para uma ideia global de raça. Tradução de Jess Oliveira e Pedro Daher. Rio de Janeiro: Cobogó, 2022.

SOUSA, Fernanda Silva e. Sem nomes e sem histórias, mas amados: a escrita da história da escravidão em Perder a mãe, de Saidiya Hartman. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1997

TRAPP, Rafael Petry. Raça, corporeidade e subjetividade em Beatriz Nascimento e Eduardo de Oliveira e Oliveira. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1992

WITTMANN, Luisa Tombini. Tempo e História na aesthesis decolonial fílmica Mbyá-Guarani. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.1998

WYNTER, Sylvia. Unsettling the coloniality of being/power/truth/freedom: towards the Human, after Man, its overrepresentation - an argument. CR: The New Centennial Review, Michigan State University, v. 3, n. 3, p. 257-337, 2003. Disponível em https://www.jstor.org/stable/41949874. Acesso em: 8 jan. 2023.

Downloads

Publicado

2023-08-08

Como Citar

SANTOS HANSEN, P.; OLIVEIRA, M. da G. de. Corpos, tempos, lugares das historiografias. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–15, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2084. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/2084. Acesso em: 15 out. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, tempos, lugares da historiografia