História sob encomenda
comentários sobre a historiografia empresarial sob contrato no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v14i37.1806Palavras-chave:
História empresarial, Usos da história, História públicaResumo
No Brasil, a quantidade de publicações de livros que narram histórias de empresas e instituições privadas tem aumentado nas últimas duas décadas. Essas publicações ilustram parte de como o panorama profissional dos historiadores vem se configurando no país – ao lado da organização de arquivos e centros de memória de empresas, por exemplo. Como a história empresarial sob contrato ascendeu no Brasil? Quais os problemas teóricos envolvidos na sua popularização? Qual o teor das práticas e das narrativas incorporadas nessa literatura histórica feita sob encomenda? Procurando responder a essas questões, revisa-se a formação do campo da história empresarial no Brasil, caracterizando algumas obras publicadas mediante contrato com grandes empresas nacionais, propondo o uso da categoria “história sob encomenda” para melhor qualificar o gênero. Por fim, alinham-se percepções sobre o impacto do neoliberalismo na prática historiográfica contemporânea, como fenômeno de fundo que arremata a ocasião de ascensão com o teor discursivo do gênero no Brasil.
Downloads
Referências
ABERJE. A História e Memória Empresarial nas Organizações no Brasil. São Paulo: Aberje, 2020
ALBERTI, Verena. Vender história? A posição do CPDOC no mercado das memórias. Cpdoc-FGV, 1996. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/870.pdf. Acesso em: 29 out. 2021.
ALMEIDA, Juniele; ROVAI, Marta (org.). Introdução à história pública. São Paulo: Letra e Voz, 2011.
ARAUJO, Valdei. O direito à história: o(a) historiador(a) como curador(a) de uma experiência histórica socialmente distribuída. In: GUIMARÃES, Géssica; BRUNO, Leonardo; OLIVEIRA, Rodrigo (org.). Conversas sobre o Brasil: ensaios de crítica histórica. Rio de Janeiro: Autografia, 2017. p. 191-216.
BERGER, Stefan. Professional and popular historians: 1800 – 1900 – 2000. In: KORTE, Barbara; PALETSCHEK, Sylvia (org.). Popular History Now and Then. International perspectives. Bielefeld: Transcript, 2012. p. 13-30.
BONIN, Hubert. L'historien mercenaire. "Business history" et déontologie. Vingtième Siècle: Revue d'histoire, Paris, n. 13, p. 115-118, 1987.
CASTANEDA, Christian. Writing Contract Business History. The Public Historian, Santa Barbara, v. 21, n. 1, p. 11-29, Winter, 1999.
CASTRO, Moacir Werneck de. Missão na selva: a aventura brasileira de Emil Odebrecht. Rio de Janeiro: Versal, 2003.
CATANO, James. The Rhetoric of Masculinity: Origins, Institutions, and the Myth of the Self-Made Man. College English, Atlanta, v. 52, n. 4, p. 421-436, 1990.
CERQUEIRA, Luiz Egypto de [ed.]. Alexandrino Garcia: perfil de um pioneiro. São Paulo: Museu da Pessoa, 2002.
CERQUEIRA, Luiz Egypto de. Sebastião, empreendedor. São Paulo: Instituto Museu da Pessoa.Net, 2009.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
CHAMAYOU, Grégoire. A sociedade ingovernável: uma genealogia do liberalismo autoritário. São Paulo: Ubu, 2020.
CHANDLER, Alfred. The Visible Hand. The Managerial Revolution in American Business. Cambridge: Harvard University Press, 1999.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
DOSSE, François. A História em migalhas: dos Annales à Nova História. Bauru: EDUSC, 2003.
DOSSE, François. O Desafio Biográfico: Escrever uma Vida. São Paulo: EDUSP, 2015.
DUMOULIN, Olivier. O papel social do historiador: da cátedra ao tribunal. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
FERREIRA, Marieta de Moraes. Desafios e dilemas da história oral nos anos 90: o caso do Brasil. História Oral, Rio de Janeiro, n. 1, p. 19-31, 1998.
FONSECA, Cláudia. Educar para o futuro: Fundação Bradesco 50 anos – 1956-2006. São Paulo: Museu da Pessoa, 2006.
FORMAN, Richard. History inside Business. The Public Historian, Santa Barbara, v. 3, n. 3, p. 40-61, Summer, 1981.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FRISCH, Michael. A história pública não é uma via de mão única, ou, De A Shared Authority à cozinha digital, e vice-versa. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo; SANTHIAGO, Ricardo. História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 57-70.
GODELIER, Eric. ‘Do You Have a Garage?’ Discussion of Some Myths about Entrepreneurship. Business and Economic History Online. The Business History Conference, 2007.
GONÇALVES, Caroline; SAES, Alexandre M. Surgimento e desenvolvimento da Business History: da História de Empresas à História de Negócios. XII Congresso Brasileiro de História Econômica. Niterói: ABPHE, 2017.
GOULD, Rebecca. The Much-Maligned Panegyric: Toward a Political Poetics of Premodern Literary Form. Comparative Literature Studies, University Park, v. 52, n. 2, p. 254-288, 2015.
GROOT, Jerome de. Afterword: Past, Present, Future. In. KORTE, Barbara; PALETSCHEK, Sylvia (org.). Popular History Now and Then. International perspectives. Bielefeld: Transcript, 2012. p. 281-196.
INSTITUTO MUSEU DA PESSOA. Votorantim 85 anos. São Paulo: Museu da Pessoa, 2003.
JONES, Geoffrey. Debating methodology in business history. The Business History Review, Cambridge, v. 91, p. 443-455, Fall, 2017.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
KOSELLECK, Reinhart. O conceito de história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. Apresentação. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre [org]. História: novos problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 11-16.
LORIGA, Sabina. O pequeno x: da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
LOZANO, Jorge Eduardo A. Prática e estilos de pesquisa na história oral contemporânea. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta (org.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 15-26.
MALERBA, Jurandir. Acadêmicos na berlinda ou como cada um escreve a História? uma reflexão sobre o embate entre historiadores acadêmicos e não acadêmicos no Brasil à luz dos debates sobre Public History. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 7, n. 15, p. 27-50, 2014. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/692. Acesso em: 21 out. 2021.
MARCOVITCH, Jacques. Pioneiros e Empreendedores - A saga do desenvolvimento no Brasil. V. 1. São Paulo: Edusp; Saraiva. 2006.
MARINO, Ian Kisil. História oral e empresas: reflexões a partir do Museu da Pessoa. História Oral, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 255–272, 2021.
MEIHY, José Carlos. Memória? Isto é outra história. In: MARCHIORI, Marlene (org.). História e memória. Rio de Janeiro: Senac, 2013. p. 31-42.
MENDES, José Amado. História Empresarial: da monografia apologética ao instrumento de gestão estratégica. In: RIBEIRO, Maria Manuela Tavares [coord.]. Outros Combates pela História. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. 2010. p. 279-296.
MENESES, Sônia. Uma história ensinada para Homer Simpson: negacionismos e os usos abusivos do passado em tempos de pós-verdade. História Hoje, São Paulo, v. 8, n. 15, p. 66-88, 2019.
MOMIGLIANO, Arnaldo. As raízes clássicas da historiografia moderna. Bauru: EDUSC, 2004.
MOREIRA, Regina Luz. CSN: um sonho feito de aço e ousadia. Rio de Janeiro: Iarte, 2000.
NASSAR, Paulo. Relações Públicas e história empresarial no Brasil. Organicom, São Paulo, a. 3, n. 5, p. 154-177, 2006.
NASSAR, Paulo. Sem memória, o futuro fica suspenso no ar. In: NASSAR, Paulo. Memória de empresa: história e comunicação de mãos dadas, a construir o futuro das organizações. São Paulo: Aberje, 2004. p. 15-22.
NICOLAZZI, Fernando. Muito além das virtudes epistêmicas. O historiador público em um mundo não linear. Maracanan, Rio de Janeiro, n. 18, p. 18-34, 2018.
O’DONNELL, Terence. Pitfalls along the Path of Public History. The Public Historian, Santa Barbara, v. 4, n. 1, p. 65-72, Winter, 1982.
ODEBRECHT INFORMA. Odebrecht 60 anos: uma história a serviço do futuro. São Paulo: Odebrecht, 2004.
OHARA, João Rodolfo Munhoz. Virtudes epistêmicas na prática do historiador: o caso da sensibilidade histórica na historiografia brasileira (1980-1990). História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 9, n. 22, p. 170-183, 2016. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1107. Acesso em: 21 /out. 2021.
OLIVEIRA, Rodrigo P. Por que vendem tanto? O consumo de historiografia comercial no brasil em tempos de crise (2013-2019). Transversos, Rio de Janeiro, n. 18, p. 64-85, 2020.
PAUL, Herman. Performing History: How Historical Scholarship is Shaped by Epistemic Virtues. History and Theory, Middletown, v. 50, n. 1, p. 1-19, 2011.
PAUL, Herman. Weak Historicism: On Hierarchies of Intellectual Virtues and Goods. Journal of the Philosophy of History, Baltimore, v. 6, n. 3, p. 369-388, 2012.
POLIDORO, Márcio. Odebrecht – A comunicação como processo e a construção de culturas. In: MARCHIORI, Marlene (org.). Comunicação e organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano do Sul: Difusão, 2010. p. 325-334.
PRADO, Ricardo. Lacta 100 anos, muito prazer. São Paulo: Grifo, 2012.
SANTOS, Larissa Conceição dos. História e legitimação organizacional: reflexões acerca das narrativas histórico-organizacionais. Organicom, São Paulo, a. 11, n. 20, p. 61-72, 2014.
SHOPES, Linda. A evolução do relacionamento entre história oral e história pública. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo; SANTHIAGO, Ricardo (org.). História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. p. 71-84.
SHUMWAY, David. The University, Neoliberalism, and the Humanities: A History. Humanities, Basel, v. 6 , n. 4 (83), p. 1-10, 2017.
SILVEIRA, Pedro Telles da. O historiador com CNPJ: depressão, mercado de trabalho e história pública. Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 30, 2020.
TÉO, Marcelo Robson. Desequilíbrio de histórias parte I: um problema do campo das humanidades (?). Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 23, p. 358‐380, 2018.
THE PUBLIC HISTORIAN, v. 3, n. 3, Business and History, Santa Barbara, Summer, 1981.
THOMPSON, Paul. Histórias de vida como patrimônio da humanidade. In: WORCMAN, Karen; PEREIRA, José Vasquez [coord.]. História falada: memória, rede e mudança social. São Paulo: SESC SP; Museu da Pessoa, 2006. p. 17-43.
TONINI, Beth; GAGETE, Élida. “Memória Empresarial: uma análise da sua evolução” In: NASSAR, Paulo (org.). Memória de empresa: história e comunicação de mãos dadas, a construir o futuro das organizações. São Paulo: Aberje, 2004. p. 113-126.
TURIN, Rodrigo. Entre o passado disciplinar e os passados práticos: figurações do historiador na crise das humanidades. Tempo, Niterói, v. 24, n. 2, p. 187-205, 2018.
WORCMAN, Karen. Memória do futuro: um desafio. In: NASSAR, Paulo (org.). Memória de empresa: história e comunicação de mãos dadas, a construir o futuro das organizações. São Paulo: Aberje, 2004. p. 23-32.
WORCMAN, Karen; PEREIRA, José Vasquez [coord.]. História falada: memória, rede e mudança social. São Paulo: SESC SP; Museu da Pessoa, 2005.
ZANDONADI, Viviane. Profissões do Futuro: historiadores corporativos. O Estado de São Paulo. 22 jul. 2015.
ZIEGLER, Vanessa. Plutarco e a formação do governante ideal no principado Romano: uma análise da biografia de Alexandre. 2009. Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Ian Kisil Marino

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O envio de manuscrito para a revista garante aos seus autores a manutenção dos direitos autorais sobre o mesmo e autoria que a revista realize a primeira publicação do texto. Os dados, conceitos e opiniões apresentados nos trabalhos, bem como a exatidão das referências documentais e bibliográficas, são de inteira responsabilidade dos autores.
Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.