A historiografia nacional como «começo»

A Historia de Méjico de Lucas Alamán e a História Geral do Brazil de Francisco Adolfo de Varnhagen

Autores

  • Ricardo Ledesma-Alonso Universidade Nacional Autônoma do México

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v14i35.1750

Palavras-chave:

Historiografia latino-americana, Historiografia comparada, Francisco Adolfo de Varnhagen

Resumo

Este artigo focaliza um problema específico do fenômeno da historiografia nacional escrita na América Latina do século XIX: as implicações ideológicas de seus elementos narrativos, particularmente de seus começos. A análise dos incipit de duas obras representativas desse gênero historiográfico – a História de Méjico (1844-1852), do historiador mexicano Lucas Alamán, e a História Geral do Brazil (1853-1857), do brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen – permitirá, em primeiro lugar, discutir as características formais – ficcionais – dos referidos umbrais discursivos; em segundo lugar, caracterizá-los como artefactos ideológicos dispostos em forma narrativa. Pretende-se contribuir para o estudo crítico da historiografia nacional oitocentista latino-americana, a partir de uma perspetiva comparada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ricardo Ledesma-Alonso, Universidade Nacional Autônoma do México

Ricardo Ledesma Alonso é professor associado na Faculdade de Filosofia e Letras (FFyL) da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Doutorou-se em História (2018) na FFyL da UNAM, onde leciona atualmente os cursos “Historiografia Europeia dos séculos XIX e XX”, “História de Europa no século XIX” e “História e Literatura do século XIX”. Seus principais interesses de pesquisa são a história da historiografia europeia e latino-americana moderna e contemporânea, e a ficção histórica do século XIX. Desde 2017 é membro colaborador do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra. 

Referências

ALAMÁN, Lucas. Disertaciones sobre la historia de la República Mejicana. México: Imprenta de D José Mariano Lara, 1844-1849. 3 v.

ALAMÁN, Lucas. Historia de México. 4. ed. México: Jus, 1942. 5 v.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexiones sobre el origen y la difusióndel nacionalismo. México: Fondo de Cultura Económica, 1993.

ANKERSMIT, Frank. La experiencia histórica sublime. México: Universidad Iberoamericana, 2010.

ARAÚJO, Valdei Lopes de. Para além da autoconsciência moderna: a historiografia de Hans Ulrich Gumbrecht. Vária história, Belo Horizonte, v. 22, n. 36, p. 314-328, 2006.

ARAÚJO, Valdei Lopes de; CEZAR, Temístocles. The Forms of History in the Nineteenth Century: The Regimes of Autonomy in Brazilian Historiography. Historein, Athens, v. 17, n. 1, 2018. Disponível em https://ejournals.epublishing.ekt.gr/pfiles/journals/14/editor-uploads/issues/611/main611.html?1=611&2=8812.# Acesso em: 14 set. 2020.

BRADING, David. Los orígenes del nacionalismo mexicano. Tradução de Soledad Loaeza. México: Ediciones Era, 1988.

BUSTAMANTE, Carlos María de. Continuación del cuadro historico de la revolución mexicana. Mexico: Publicaciones de la Biblioteca Nacional de México, 1953-1963. 4 v.

CÂNDIDO, António. Formação da literatura brasileira. São Paulo: Livraria Matins, 1959. 2 v.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003.

CARVALHO, José Murilo de. A vida política. In: CARVALHO, José Murilo de (coord.). Historia do Brasil Nação: 1808-2010: Volume 2. A construção nacional. 1830-1889. Rio de Janeiro: Fundação MAPFRE e Editora Objetiva, 2012.

CEZAR, Temístocles. Ser historiador no século XIX: o caso Varnhagen. Préfacio Valdei Lopes de Araújo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.

COLMENARES, Germán. Las convenciones contra la cultura: ensayos sobre historiografía hispanoamericana del siglo XIX. 2ª ed. Bogotá: Tercer Mundo, 1987.

COSTELOE, Michael. The Central Republic in Mexico, 1835-1846: Hombres de Bien in The Age of Santa Anna. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

DÍAS, Antônio Gonçalves. Introdução. In: BERREDO, Bernardo Pereira de. Annaes Históricos do Estado de Maranhão. 2. ed. Maranhão: Typ. Maranhense, 1849. p. v- xx.

DUMEZIL, Georges. Loki. París: Le Monde-Flamarion, 2010.

FOWLER, Will; SANTONI, Pedro. Setting the Scene: The History and Historiography of Post-War Mexico, 1848-1853. In: FOWLER, Will; SANTONI, Pedro (ed.). México, 1848-1853: Los Años Olvidados. New York: Routledge, 2019. p. 1-33

GUIMARÃES, Lúcia Maria. Paschoal. Debaixo da imediata proteção de Sua Majestade Imperial: O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1838-1889). Revista do IHGB, Rio de Janeiro, v. 156, n. 388, p. 459-613, 1995.

GUIMARÃES, Manoel Luís Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma História Nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 1, p. 5-27, 1988.

HARTOG, François. Régimes d’historicité: Présentisme et expériences du temps. Paris, Éditions du Seuil, 2003.

IGLÉSIAS, Francisco. Historiadores do Brasil: Capítulos de historiografia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Ed. UFMG, 2000.

KELLNER, Hans. Language and Historical Representation: Getting the Story Crooked. Madison: The University of Wisconsin Press, 1989.

KERMODE, Frank. The Sense of an Ending: Studies in the Theory of Fiction. New York: Oxford University Press, 1968.

KOSELLECK, Reinhardt. Futures Past: On the Semantics of Historical Time. New York: Columbia University Press, 2004.

LINCOLN, Bruce. Theorizing Myth: Narrative, Ideology, and Scholarship. Chicago: The University of Chicago Press, 1999.

LUNGO, Andrea del. L’incipit romanesque. Paris: Éditions du Seuil, 2003.

MANNHEIM, Karl. Essays on Sociology and Psychology. Editor Paul Kecskemeti. New York: Oxford University Press, 1953.

MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. São Paulo: Editora HUCITEC, Instituto Nacional do Livro, 1987.

MINK, Louis. O Historical Understanding. Ithaca: Cornell University Press, 1987.

MORA, José María Luis. Obras sueltas. México: Porrúa, 1963.

NISBET, Robert. History of the Idea of Progress. 4. ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2009.

NORIEGA, Alfonso. El pensamiento conservador y el conservadurismo mexicano. México: Universidad Nacional Autónoma de México, Instituto de Investigaciones Jurídicas, 1972. 2 v.

ODÁLIA, Nilo. As formas do mesmo: Ensaios sobre o pensamento historiográfico de Varnhagen e Oliveira Viana. São Paulo: UNESP, 1997.

PALTI, Elías José. La nación como problema: los historiadores y la “cuestión nacional”. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2003.

PALTI, Elías José. Lucas Alamán y la involución política del pueblo mexicano ¿Las ideas conservadoras ‘fuera de lugar’?. In: PANI, Erika (coord.). Conservadurismo y derechas en la historia de México. México: Fondo de Cultura Económica/Consejo Nacional para la Cultura y las Artes, 2009. p. 300-323. v. 1.

PLASENCIA DE LA PARRA, Enrique. Lucas Alamán. In: GUEDEA, Virginia (coord.). Historiografía mexicana: Volumen 3. El surgimiento de la historiografía nacional. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1997. p. 307-348.

PUNTONI, Pedro. O Sr. Varnhagen e o patriotismo caboclo: o indígena e o indianismo perante a historiografia brasileira. In: JANCSÓ, István (org.). Brasil: Formação do Estado e da Nação. São Paulo: Editora HUCITEC, 2003. p. 633-675.

RANKE, Leopold von. Über die Verwandschaft und den Unterschied des Historie und der Politik. In: RANKE, Leopold von. Sämtliche Werke. Leipzig: Duncker und Humblot, 1872, p. 280-293. v. 24.

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: De Varnhagen a FHC. 3. ed. Rio do Janeiro: Editora da FGV, 2000.

RÓDRIGUEZ O, Jaime. La Constitución de 1824 y la formación del Estado mexicano. Historia Mexicana, Ciudad de México, v. 40, n. 3, p. 507-535, 1991.

RODRIGUES, José Honório, História da História do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1988. 2 v.

ROWLAND, Robert. Patriotismo, povo e ódio aos portugueses: notas sobre a construção da identidade nacional no Brasil independente. In: JANCSÓ, István (org.). Brasil: Formação do Estado e da Nação. São Paulo: Editora HUCITEC, 2003. p. 665-687.

SAID, Edward W. Beginnings: Intention & Method. Nueva York: Columbia University Press, 1985.

SIMON, Joshua. The Ideology of Creole Revolution: Imperialism and Independence in American and Latin American Political Thought. N ew York: Cambridge University Press, 2017.

SÁ, Ana Priscila de Sousa. É preciso civlizar o Império! Varnhagen contra o ‘perigoso’ brasileirismo caboclo. Revista de História Bilros, Fortaleza, v. 5, n. 9, p. 155-177, 2017.

SÜSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui: O narrador. A viagem. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

TORRES HOMEM, Francisco de Sales. O libelo do Povo. In: JUNIOR, Raimundo Magalhães (org.). Três panfletarios do Segundo Reinado. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956. p. 45-126.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Correspondência Ativa. Coligida e anotada por Clado Ribeiro de Lessa. Rio de Janeiro: INI/MEC, 1961.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Memória sobre a necessidade do estudo e do ensino das línguas indígenas no Brasil. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, t. 3, n. 9, p. 53-63, 1841.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Memorial Orgânico: Que â consideração das Assembléias geral e provinciais do Império, apresenta um brasileiro. Dado a luz por um amante do Brasil. S.l., s.n., 1849.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brazil. Rio de Janeiro: Casa de E. e H. Laemert, 1854-1857. 2 v.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Memorial Orgânico: Oferecido à nação. Guanabara, revista mensal, artístico, científica e literária, Rio de Janeiro, p. 356-370, 384-402, out./nov. 1851.

WEHLHING, Arno. Estado, história e memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

WHITE, Hayden. El discurso de la historia. In: WHITE, Hayden. La ficción de la narrativa: Ensayos sobre historia, literatura y teoría 1957-2007. Traducción de María Julia De Ruschi. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2011. p. 339-359.

Downloads

Publicado

2021-04-11

Como Citar

LEDESMA-ALONSO, R. A historiografia nacional como «começo»: A Historia de Méjico de Lucas Alamán e a História Geral do Brazil de Francisco Adolfo de Varnhagen. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 14, n. 35, p. 225–253, 2021. DOI: 10.15848/hh.v14i35.1750. Disponível em: https://historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1750. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigo original